sexta-feira, 13 de abril de 2012

Avesso

O avesso de minha vida é o meu medo.
O nada, este escuro infinito,
A finitude dos corpos e o cheiro de barro.
O cheiro de barro, de lama. E a chuva que não para, dentro de mim.
Este avesso que revela a costura mal feita, o rasgo, o talho em um tecido que parecia tão belo.
O momento em que a linha e o pano se confundem, no avesso.
É neste avesso que moro, que sou, que me desconheço.
Neste avesso que não entrego, que nego, que escondo.
E é ele que complica tudo.
Neste avesso em que me perdi, não sei revelar o que fui.
Sei que estive lá, que de lá fugi e hoje não sei voltar.
Meu medo, meu grande medo, é voltar pra lá sem perceber.
No avesso desta que hoje sou está escondida a linha que desmancha toda minha vida.
No avesso de mim, mora alguém que não conheço...

3 comentários:

D'Oliver disse...

O interessante de seu avesso, é que ele se parece com o meu, e no meu avesso não há só um eu que não conheço, mas um alguém com senho e não sei encontrar.
O que escondemos dentro de nós é um universo, mas não tenha medo está muito bem costurado, pra um dia se desmanchar de vez, sem deixar marcas.

D'Oliver disse...

Ainda não sei o que vim fazer por aqui, penso em dividir, e multiplicar, carinho, ideias enfim. amigos....

Fernando Amaral disse...

Muito do bom.

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