quinta-feira, 22 de julho de 2010

'Eu, todos os dias...' O Grito da Coisa.

Escrevi este texto na sexta feira fatídica que o Brasil foi desclassificado da Copa do Mundo 2010 pela Holanda, dia 02/07.

Decidi que o publicaria aqui no dia 14/07, pois descobri que nesta data se comemora o dia da Liberdade de Pensamento.

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada pela ONU, são enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem. No artigo XIX esta disposta a seguinte observação:

“Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Depois de quase sete meses sem ter tempo para caneta e papel resolvi que preciso voltar a escrever!

Minha primeira página aqui em agosto de 2008 foi um grito.

Aqui sempre foi e sempre será o grito da coisa.

“Eu, todos os dias...”
é o nome poético do grito da coisa.

Antes de voltar a escrever aqui, nem sei ainda como farei isto, mas antes de começar minhas postagens novamente vamos discorrer sobre a coisa e seu grito.

A coisa é algo que faz barulho dentro de mim.

Há tempos de silêncio e neles eu posso ser “normal”.
Porém quando começa o barulho eu preciso falar e falando não sou capaz de sossegar minha alma.
Falo por quantos poros tenho, enlouqueço a quem amo (e só quem convive comigo sabe o quanto isto é verdade)mas mesmo falando tanto não sou capaz de sossegar o germe que me come por dentro e castiga meu corpo.

Existe uma coisa dentro de mim que é maior que meu corpo.

Esta coisa que os espirituais chamam de alma, que os psicólogos chamam de consciência que os céticos juram que não existe e morre com o corpo; esta coisa que sinto tão intensamente sou Eu.

Esta coisa, que creio imortal, dentro de mim foi colocada em um corpo frágil carregado de imperfeições estéticas e de misérias sociais.

Esta coisa chamada Eu foi colocada dentro de um corpo de mulher e todos sabem das lutas para que a mulher conquistasse o direito vital, imprescindível, de pensar.

Não, não pretendo discursar sobre os direitos das mulheres. Não me dou este direito pois nunca militei esta causa. Herdei um legado conquistado por mulheres antes de mim e fui educada por um homem (meu pai, que sem saber ser pai ainda assim é o melhor educador que conheço) que reconhece o Ser dentro do corpo de mulher.


Esta coisa que temos por dentro dos corpos, que “bule” que mexe, que consome, que cresce ou adoece...esta coisa tem o sublime direito de se manifestar.

A Manifestação da Coisa acontece através do pensamento.
Durante séculos a mulher penou para ter o direito de pensar.
Morremos queimadas só por querer pensar e pensando manifestar-se.

A coisa que carrego dentro de mim lutou estas lutas com as mulheres do passado e morreu junto com elas para ter o direito de viver novamente em um corpo que pudesse escrever!!

Um dia uma mulher como eu morreu em uma praça para que eu tivesse o direito de ler e escrever.
Ela morreu com a pena suja do seu próprio sangue para que hoje eu pudesse teclar com os dedos esfomeados...
...é esta a coisa que grita e me consome quando eu não escrevo...

Isto remexe dentro de mim e me desespera, falo pelos cotovelos, fico ansiosa e segundo minha amiga Rita de Piracicaba preciso de um amansa leão.
Ela com seu jeito mineiro de ser piracicabana me diz : “Calma Eliana, calma.”
Nas poucas vezes que nos encontramos eu confessei a ela meu desejo pelo silêncio, minha necessidade em conseguir me calar..
Foi ai que eu percebi que “a coisa” não se calaria enquanto eu não escrevesse.

Não importa se meus pensamentos podem influenciar alguém, não importa se alguém vai saber o que penso, mas eu preciso manifestar o que penso e mudar meu pensamento tantas quantas vezes eu quiser.
Viver a “Metamorfose Ambulante” da qual já falou o Raul. (Seixas).
Preciso exercer o direito de pensar e mudar de idéia tantas quantas vezes forem necessárias e me permitir ter conceitos errados para poder corrigi-los, acreditar hoje e desacreditar amanhã.
Esta coisa que tenho por dentro precisa opinar.
Preciso opinar senão piro pois a coisa que trago dentro de mim já morreu um dia para que hoje eu pudesse pensar.

Sei que a coisa que trago dentro de mim é louca e vou enlouquecer junto com ela se não separar um tempo para escrever.
Preciso de Silêncio.
Preciso me calar e escrever.
Preciso de noites insones para escrever e não deixar meu coração explodir.
Meu corpo vai explodir em formas diferentes de dor até que eu escreva.
...só pela palavra que loucos antes de mim conseguiram suportar a cadeia de seus corpos.

Começo hoje a buscar o caminho da livre manifestação do pensamento.

Dou Graças ao Supremo pois não tenho e jamais terei a pretensão de ser escritora.
Eu sou Secretaria. Amo minha profissão.
Sendo secretaria por vocação sou livre para escrever sem ter “o compromisso estreito de falar perfeito, coerente ou não”, como já dizia Oswaldo Montenegro.

Sou livre para pensar o que bem entender, sou livre para ter conceitos errados por pura falta de informação e/ou cultura.
Sem cultura e sem informação ainda assim sou livre para manifestar o que penso, mas não sou livre para me calar.
Algumas pessoas não são livres para se omitir.
Algumas pessoas carregam o fardo de não poder se calar diante das baboseiras da vida.
Estas pessoas manifestam-se ou morrem.

Ou se libertam de si mesmas quando enfim compreendem que já foi pago um preço muito caro para que hoje eu e você tivéssemos o direito de pensar.

...Continuarei com o “Eu, todos os dias”... só peço que não me rotulem.
Só peço que não me perguntem o que escrevo se é crônica, poesia ou romance...
Entre o Verso e o Grito fico com o Grito.
O que eu escrevo é tão somente o grito da coisa que não me deixa ficar quieta pois não cabe dentro do meu corpo.

Vou providenciar um jeito de voltar a escrever...
Por hora caneta e papel no meio da noite será o caminho.
Depois jogo tudo aqui que é e sempre será o lugar que criei para deixar “...eu, todos os dias.”

Vamos lá?

Maktub.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Parabéns a Seleção!

Parabéns a nossa Seleção!!!
E me desculpem, parabéns ao Dunga e até ao Maradona!!!
Parabéns a todas as Seleções que fazem o campeonato ser o que é.

Parabéns aos que perdendo entregam na grama seu suor e suas lágrimas.
Dunga que afinal é zangado, parabéns!
Maradona! Que belo tango nos proporcionou com sua paixão!

Parabéns aos que se empolgam e nos empolgam, aos que vibram e quando perdem emprestam com sua derrota as cores que compõem a Copa do Mundo!

Não tenho o compromisso de entender de futebol.
Tenho paixão e isto me basta, por hora.
Entendo apenas que a Copa do Mundo não é feita só de futebol e da vitória de um único país, no caso o nosso. Sim somos Penta, mas esperamos mais trinta e quatro anos para ser Tetra. Posso esperar mais que oito anos para ser Hexa.

Copa do mundo é feita sim de técnicas futibolisticas mas também é feita de sangue suor e lágrimas. É feita de algo que só os Deuses do Olimpo podem explicar: da emoção que junta famílias em casas, ruas e bares...e por fim junta toda uma Nação.

Torci como louca, gritei até o último minuto de nossa desclassificação, pois se fosse perder que fosse só de dois.

Eles se desesperaram por saber que nossa nação não sabe perder e eles seriam vistos apenas como derrotados, e logo um levaria o nome da culpa.

Teriam que ter uma história qualquer, mirabolante,um ataque qualquer de um dos jogadores ,pra justificar a derrota ou o meião sendo levantado pra ser o bode espiatório da história como nas copas passadas.
Portando ao meus olhos até a instabilidade emocional deles é justificada diante de uma nação que precisa aprender a perder a Copa do mundo com a mesma alegria com que ganha.

...Por mim basta dizer que a Copa só acaba quando acaba, a bandeira do Brasil que estava no carro na sexta-feira, lá permaneceu, e no sábado de manhã foi colocada na fachada de minha casa, bem na frente como um sinal de que eu estava derrotada porém assisti a melhor derrota desde 98! Derrota que não me deixou com vergonha.
Não fiquei com gosto de ferrugem na boca, me perdoem o trocadilho.

...culpado? o chapéu da sorte que esqueci em casa.
Fui torcer em Santa Isabel e esqueci largado sobre a mesa o chapéu do Brasil com o qual assisti todos os jogos. Sem ele na cabeça não saia gol.

...Culpa minha, minha máxima culpa!

Beijo em todos das
seleções derrotadas que souberam ser derrotados.
(Costa do Marfim não entra nesta)

Nâo foi desta fez que veremos Brasil x Argentina...

Adios Maradona.
Até logo Dunga.

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