sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dona Ela.

Texto postado originalmente no Sítio:http://aspirinasurubus.blogspot.com/2011/07/dona-ela.html
no dia 13/07/2011


Arrasta-me com teus cabelos.
Toca toda minha pele.
Deixa-me ver-te entrando em meus aposentos, linda e nua.
Passa sua boca fria em minha nuca, sussurrando em meus ouvidos o caminho para o fim, que sei ser só o começo.

Tua pele alva, teu vestido prata aos teus pés.
Seu rosto bonito e doce, sua mão com cheiro de flor.
Ria-te do meu medo, ria-te do medo de todos nós, enrosca tua cabeleira preta e cavalga por todo o redor de mim.

Conta-me teus segredos vitais, mente uma vez mais, e diz que não é agora o fim.
Cobre teu corpo frio com o vestido outrora abandonado ao chão,
Prende teus cabelos com fitas, veste uma sandália branca.
Ri aquele teu riso fino, pinta as unhas de vermelho claro, quase rosa.

Põe teu rosto perto do meu, derrama seu hálito doce sobre mim.
Faça-me ameaças, conte-me que não vou voltar, conte-me que não posso escolher a hora.
Conta-me que vens quando quer e fazes do jeito que bem entendes.

Não é por acaso que tu és mulher, não é por acaso que teu gênero te faz fêmea.
Tu és a Dona temida por todos os mortais, tu és a venerada dos que percebem em ti a porta para o absoluto, tu és a mais abusada das visitações.

Tu te vestes de prata em meus sonhos, tu és linda, tu és minha conselheira.
Pensando em te encontrar bela, me conservo viva, pensando em te encontrar pronta, me conservo firme, pensando em ser digna de ti não desisto nunca.

Amo-te e não nego meu amor.
Causa aborrecimento esta declaração, bem sei.
Mas não te nego nunca, pois sei que será tu a única que não se negará a mim, jamais.
Linda.
Digo-te como já disseram os poetas antes de mim: “ Vem, mas demore a chegar, eu te detesto e amo...”

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