quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Errante.


Quando o pensador; ou mero pensante, tolo e teimoso; sofre, emana força.
Ainda que muitas vezes a luz se reflita em cores escuras, no pântanos e no lodo
O reflexo é luz.
Seu sangue, suas lágrimas, seu suor: tudo transforma-se em arte.
O seu grito, seu sussurro, o seu medo, sua pálida secura, o desespero dos insones: é ali que a arte se consuma.

Na dor, na eterna dor dos que não são amados, no desespero dos que foram abandonados, na fome que sente-se ao sentar-se a mesa, ou no desassossego febril no olho do passante, viciado, doente.
É ali, naquela miséria que nasce a flor, linda, amarela, do meu quadro favorito.

Nas vestes rotas que já colocou sobre a pele, no chinelo podre que quebrou quando ia para a escola, no vestido que usou, e se pensou linda, e na verdade era só era uma camisa velha amarrada com barbante...é nestas lembranças que a moça compõe sua mais doce balada.

É na dor miserável que come o cérebro, das lembranças tenebrosas de uma infância maldita, que o cronista compõe a sua escrita..

É na dor, na insônia, na fome, na ruptura da pele lisa, na boca aberta e seca.
É ali, também, que nasce minha poesia...
Retalhada e feia.
Mal escrita, mal pontuada,sem acentos, mal descrita.
Feia. Mas minha.
Errada, errante, vomito.
Mas minha.

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