segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Laços de Sangue

Há poucos dias eu confabulava com uma amiga sobre o poder de decisão.

Quase filosofávamos sobre o poder que temos de decidir que algo ou alguém não nos fará mal...
Ela me dizia que para certas coisas só o tempo tem o remédio,
Eu acreditando que o tempo na verdade nos ensina a usar o poder de decisão com critério, em cada caso.

...e hoje estou aqui, com uma dor no peito que sufoca e dilacera quase todas as minhas certezas.
Mas eu já decidi há algum tempo que posso escolher se isto me fará mal.
E não fará.

Ainda assim constato que algumas pessoas possuem o inesgotável poder de nos surpreender, o inesgotável poder de nos atingir.
...eu fui para lá com a certeza de que nada que eu ouvisse poderia me ferir.
De que nada que me fosse dito me tocaria, me feriria.
...Mas mais uma vez descubro que posso ser sempre surpreendida por suas palavras.

Doeu em mim não suas palavras, pois não consigo conceber que ele acredite no que me disse,
doeu pensar que ele não acredita naquilo mas falou com o único intuito de "cutucar", de levantar o pó das nossas almas...

E assim, com a alma em pó, fiquei ali, olhando aquelas árvores,
Sentindo o cheiro da chuva ...deixando o cheiro da chuva ir limpando o nó de minha garganta.

As lágrimas desciam e eu só as queria conter.
Mas minha decisão não surtia efeito diante das lágrimas.

Eu jurei que não choraria.
...foi mais uma das promessas que quebrei.

...mas aos poucos fui vestindo meu sorriso de festa, fui colocando no rosto a pessoa inabalada que eu gostaria de ser,
E sai de lá como se aquilo não tivesse pesado como chumbo dentro de mim.

...Sai de lá com a firme decisão de que aquilo não me fará mal.
...mas por hora, para que isto aconteça é preciso que eu não pense.

Não vou pensar nisto.

E ai descubro que não pensar nisto é dolorosamente não pensar nele.

Mais uma vez preciso esquecê-lo.
Mais uma vez este abismo enorme é aberto no meio de nós.


E tudo o que fica é a certeza do seu sangue, correndo no meu.

Um comentário:

Rita disse...

É, escrever e desabafar é sempre muito bom, pois ajuda a esclarecer algumas coisas pra nós mesmos e, aos poucos, acabamos por encontrar alguma luz, um novo caminho, uma pista, um fio perdido da meada...
Vamos em frente!!! Força e fé!
Um grande abraço!
Rita.

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