quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Caça às Bruxas

Escrever era como voar, se asas ela tivesse...

A alma pedia calma,
e calma ela só tinha quando escrevia..

Escrever era dolorido,
Colorido,
Era suspiro que saia das letras,
Letras que paria como um filho...

Mas escrever tornou-se um pecado, tornou-se a denúncia de que sua alma voava...
o que antes era gesto de liberdade se tornou arbitrariedade, contrariedade.

Tornaram medíocre o que pra ela era santo.

Viu todos seu papeis ardendo em uma fogueira,
seus sonhos de menina dilacerados, seus projetos de mulher enxovalhados,
sua vida exposta, sem direito de resposta.


Rastejou no meio das cinzas,
recolheu pedaços do seus versos, sentindo ainda o calor das brasas...
Sua carne queimava, mas ela nem sentia...
Doía- lhe os papeis que se perdiam para sempre...
Doía-lhe os versos roubados; muito mais do que a vida que lhe seria tirada.

Como animal lambeu seus folhetos, enxugou-os na pele, na vã tentativa de recuperar sua alma.
Mas era tarde...A multidão embrutecida já notara que ela se preparava pra voar novamente...
Tiraram a pena de sua mão, rasgaram todos os papeis, esconderam as tintas...
lhe condenaram a morte.

Ninguém percebeu que quando seu corpo pendeu sem vida, a vida já havia lhe deixado, muito antes...no minuto que lhe tiraram os versos.


Eliana Klas.

2 comentários:

Anônimo disse...

é muito lindo...gostei adorei...beijos autora querida...ou talvez bruxinha que sonha!!!

Letras Mágicas disse...

lindo...adorei o conto...beijo autora querida...ou devo dizer bruxinha sonhadora?adoro vc e suas histórias...

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